Desigualdade salarial impacta diretamente a saúde das mulheres e sobrecarrega o sistema público, alerta relatório

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O 3º Relatório de Transparência Salarial, divulgado nesta segunda-feira (7) pelos Ministérios da Mulher e do Trabalho, revela que, em 2024, as mulheres seguem ganhando 20,9% a menos que os homens no Brasil. Para além da injustiça social, esse dado representa um agravante preocupante para a saúde pública e para os sistemas de atendimento médico no país.

A análise, que abrange mais de 19 milhões de vínculos empregatícios formais, mostra que os homens recebem, em média, R$ 4.745,53, enquanto as mulheres recebem R$ 3.755,01. O cenário se agrava ainda mais entre mulheres negras, cujo salário médio é de R$ 2.864,39 — mais de 50% inferior ao dos homens não negros. Essa disparidade compromete o acesso dessas mulheres a consultas preventivas, exames, medicamentos e tratamentos regulares.

Saúde mental, doenças silenciosas e busca tardia por atendimento

Com menos recursos, a tendência é que as mulheres priorizem outras necessidades em vez de cuidar da própria saúde, o que aumenta a incidência de diagnósticos tardios e agravamento de quadros que poderiam ser prevenidos ou controlados. Além disso, o impacto emocional e psicológico da desigualdade provoca aumento de ansiedade, depressão, estresse crônico e insônia, segundo relatos crescentes em consultórios médicos e unidades de saúde.

Mulheres em cargos de gestão ainda recebem 26,8% menos que homens, mesmo com o mesmo nível de escolaridade. Essa disparidade repercute na saúde emocional de quem carrega responsabilidades profissionais e familiares — sem a devida valorização ou compensação.

Menor renda, menos acesso a planos de saúde e maior dependência do SUS

Com renda inferior, muitas mulheres optam por não manter planos de saúde e dependem exclusivamente do Sistema Único de Saúde (SUS). Isso contribui para o aumento da demanda e sobrecarga do sistema público, especialmente nas áreas de ginecologia, obstetrícia, psicologia e medicina preventiva.

O relatório também destaca que, se mulheres e homens recebessem salários equivalentes, o Brasil teria injetado R$ 95 bilhões a mais na economia em 2024 — valor que poderia ser investido em infraestrutura de saúde, programas de prevenção e ampliação da rede de atenção primária.


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