A vacina contra a chikungunya, desenvolvida em parceria pelo Instituto Butantan e pela empresa de biotecnologia franco-austríaca Valneva, demonstrou uma eficácia impressionante de 98,8% em adolescentes durante a fase 3 do ensaio clínico realizado no Brasil. Os resultados também revelaram um perfil de segurança promissor, mesmo em casos de exposição prévia ao vírus.
Os dados obtidos serão fundamentais para o processo de aprovação do produto, que será submetido à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no Brasil e à European Medicines Agency (EMA) na Europa. A expectativa é encaminhar a solicitação de aprovação à Anvisa no primeiro semestre de 2024.
Recentemente, a vacina obteve aprovação para uso em adultos pela Food and Drug Administration (FDA) dos Estados Unidos, tornando-se o primeiro imunizante autorizado globalmente contra a chikungunya.
O diretor do Instituto Butantan, Esper Kallás, expressou otimismo diante dos resultados, afirmando que a vacina é segura e possui uma alta capacidade de induzir anticorpos protetores. Ele ressaltou a importância de seguir todas as etapas de estudos e validações pelos órgãos reguladores.
O estudo clínico brasileiro envolveu 750 jovens de 12 a 17 anos em áreas endêmicas de diversas cidades. Dos participantes, 500 receberam a vacina, enquanto 250 receberam placebo. A análise de imunogenicidade, realizada 29 dias após a aplicação de uma única dose, revelou que 98,8% dos voluntários sem histórico prévio de contato com o vírus desenvolveram anticorpos protetores. Para aqueles com histórico de infecção, a positividade foi de 100%.
A vacina, denominada VLA1553, resulta de uma parceria de transferência de tecnologia entre o Instituto Butantan e a empresa francesa Valneva, com a possibilidade de produção e distribuição pelo Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil.
No que diz respeito à segurança, o estudo não identificou pontos de preocupação significativos. A vacina foi considerada segura e bem tolerada, mesmo em participantes com exposição prévia ao vírus, sendo que a maioria das reações adversas foi leve a moderada e resolvida em cerca de três dias.
Diante dos impactos significativos da chikungunya, que registrou mais de 143.000 casos prováveis apenas em 2023 no Brasil, a comunidade científica aguarda com expectativa a aprovação e disponibilidade dessa vacina como uma medida crucial na proteção contra esta doença que afeta a população nacional.